Greenpeace chega a Portugal com o seu icónico quebra-gelo Arctic Sunrise

Fevereiro 17, 2025

  • Portugal junta-se à rede global de mais de 55 países com presença da Greenpeace para lutar por um mundo verde e em paz.
  • As prioridades da organização centram-se na luta contra a Emergência Climática, na proteção da Biodiversidade e na busca de alternativas a um modelo socioeconómico insustentável. Uma das suas primeiras petições será a ratificação do Tratado dos Oceanos por parte do governo Português.
  • Este acontecimento é também uma homenagem ao antigo fotógrafo e ativista da Greenpeace, o português Fernando Pereira e a todos os defensores do planeta que já não estão entre nós.

Lisboa, 17 de fevereiro de 2025 – A Greenpeace estabelece-se fisicamente em Portugal pela primeira vez, com uma equipa permanente. A organização tem marcado presença pontual no país há mais de 15 anos, através de ações e campanhas específicas, mas é neste momento crítico – em que quase sete dos nove limites planetários já foram ultrapassados e um modelo de produção e consumo ameaça a vida no planeta – que a Greenpeace decidiu integrar Portugal na sua rede global de mais de 55 países. A isto soma-se o agravamento de conflitos geopolíticos, a restrição do espaço democrático, o retrocesso dos direitos humanos e dos compromissos ambientais, bem como a emergência climática e a perda de biodiversidade sem precedentes.

O lançamento da Greenpeace Portugal aconteceu esta manhã a bordo do icónico quebra-gelo da organização, o Arctic Sunrise, e contou com a participação do diretor da Greenpeace Portugal, Toni Melajoki Roseiro, e da presidente do Conselho da Greenpeace Internacional, Jo Dufay. O navio encontra-se em Lisboa para celebrar a criação da nova equipa, realizar reuniões políticas e reforçar alianças estratégicas.

IMAGENS PARA OS OCS DISPONÍVEIS AQUÍ.

O Arctic Sunrise partirá de Lisboa rumo ao Porto, onde estará de 21 a 23 de fevereiro, no Porto de Leixões, com as portas abertas ao público, entre as 10h00 e as 13h00 e as 15h00 e as 18h00. As visitas guiadas são gratuitas e representam uma oportunidade única para conhecer a história e os recantos deste lendário navio quebra-gelo.

A Greenpeace é uma organização ecologista e pacifista internacional, independente de interesses económicos e políticos. Não aceita doações de governos, partidos políticos ou empresas, financiando-se exclusivamente através das contribuições individuais dos seus membros.

Um novo capítulo para Portugal e o planeta

Com presença permanente no país a partir de hoje, a Greenpeace pretende focar-se nos principais desafios socioambientais, em conjunto com a sociedade civil e outras organizações e atores sociais portugueses. Com mais de 50 anos de experiência, a organização também quer reforçar em Portugal o espaço democrático e as ferramentas de incidência política, essenciais para acelerar as mudanças urgentes que o país, a região e o planeta necessitam.

“Era essencial termos uma presença permanente em Portugal, o único grande país europeu que ainda não fazia parte da família Greenpeace. Portugal tem sido pioneiro em várias questões ambientais e mantém laços históricos e culturais com países-chave na luta contra as alterações climáticas e a perda de biodiversidade, como o Brasil” , declarou Jo Dufay, Presidente do Conselho da Greenpeace Internacional.

“Há mudanças urgentes que têm de acontecer em Portugal e no mundo. A Greenpeace quer contribuir com propostas concretas para esses avanços e canalizar a indignação e a voz da sociedade portuguesa, historicamente preocupada e empenhada na defesa da sua biodiversidade”.

Por sua vez, Toni Melajoki Roseiro, diretor do Greenpeace Portugal destacou que “há mudanças urgentes que têm que acontecer no país e no mundo. A Greenpeace quer travar as ameaças globais que se manifestam neste território e apresentar propostas para construir futuros alternativos para além do crescimento económico”.

Acrescentou ainda: “Queremos canalizar a indignação e a voz da cidadania portuguesa, historicamente preocupada e comprometida com a luta contra a emergência climática e a defesa da biodiversidade”.

Em que vai trabalhar a Greenpeace?

A organização tem três grandes prioridades globais que se refletem em cada canto do mundo: a luta contra a Emergência Climática e a sua face mais visível, os eventos meteorológicos extremos (incêndios, ondas de calor, secas, inundações…), a proteção da Biodiversidade e a procura de alternativas a um modelo socioeconómico que ameaça a vida no planeta.

Estamos a dar os primeiros passos da organização em Portugal, analisando a situação socioambiental, a resposta do governo, o trabalho de outras organizações parceiras e ligando-nos às principais preocupações ambientais da cidadania portuguesa, para definir as nossas prioridades a curto prazo.

No âmbito da Emergência Climática, sendo Portugal o país da União Europeia com a maior percentagem de superfície ardida, durante este primeiro ano a organização irá focar-se num trabalho aprofundado de investigação para apresentar propostas concretas sobre políticas florestais e alternativas para todo o ciclo de gestão. Vamos abordar a ameaça e a vulnerabilidade e exposição que os incêndios representam, cada vez mais agravados pelas alterações climáticas.

No âmbito da proteção da biodiversidade, com um foco internacional, a organização trabalhará na proteção dos Oceanos, tanto em águas nacionais como internacionais. A primeira exigência da Greenpeace ao governo português será a ratificação do Tratado dos Oceanos das Nações Unidas. Quatro países europeus, incluindo Espanha, já o anunciaram, e Portugal – o país com a maior zona marítima da Europa – não pode ficar para trás. Além disso, a Greenpeace exigirá que Portugal apoie a declaração de áreas marinhas protegidas em alto mar, para alcançar a meta de 30% de proteção até 2030.

Portugal foi o primeiro país europeu a anunciar a proibição da exploração mineira em mar profundo, nas suas águas territoriais, até 2050. A Greenpeace irá também exigir que o governo português lidere as negociações da ISA (International Seabed Authority) para expandir essa proibição às águas internacionais.

COP30: Portugal deve assumir um papel ativo

No cruzamento destas duas áreas de ação, a Greenpeace reivindicará um papel ativo de Portugal na COP30, a próxima Cimeira do Clima das Nações Unidas, que terá lugar no Brasil, em novembro de 2025, coincidindo com o décimo aniversário do Acordo de Paris.

A Greenpeace voltará a denunciar que a inação climática dos governos mata as pessoas, irá expor o negócio destrutivo das grandes corporações de combustíveis fósseis e da indústria agroalimentar e exigirá que estas empresas paguem pelos danos que estão a causar às pessoas e ao planeta.

Da mesma forma mas já a médio prazo, a Greenpeace também se concentrará nas transições necessárias, alinhadas com as necessidades mais básicas da população, no modelo energético e alimentar, num transporte público acessível, disponível, eficiente e sustentável bem como a gestão dos recursos hídricos, serão temas nos quais a organização irá aprofundar o seu trabalho.

Queremos também prestar um reconhecimento ao setor ambientalista português, que é diverso, numeroso e com uma longa tradição  de denúncia das injustiças ambientais e de defesa da biodiversidade. O trabalho realizado tem sido notável. 

A Greenpeace Portugal quer trabalhar em parceria com este setor, contribuindo com a capacidade de análise, investigação e incidência política, bem como a sua dimensão e alcance internacional e experiência em ativismo e protesto pacífico.

Um pouco da história da Greenpeace em Portugal

A Greenpeace tem estado presente em Portugal desde 2008, através de diversas ações, como campanhas de proteção dos oceanos, denúncias sobre a pesca excessiva, e campanhas contra a queima de combustíveis fósseis, uma das principais causas das alterações climáticas.

IMAGENS DE ARQUIVO HISTÓRICO DE AÇÕES EM PORTUGAL, DISPONÍVEIS AQUI

A abertura da sede da Greenpeace em Portugal coincide com o 40º aniversário da morte de Fernando Pereira, fotógrafo português e ativista da Greenpeace, que faleceu no naufrágio do Rainbow Warrior em 1985, após duas bombas colocadas pelo serviço secreto francês.

“A sua memória representa uma reivindicação do espaço democrático e do direito ao protesto, essencial para denunciar as injustiças que ameaçam a vida no nosso planeta,” concluiu Toni Melajoki Roseiro.


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